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Época de Ouro

a época de ouro

A canção popular brasileira midiatizada teve seu início com as gravações realizadas pela Casa Edison de Federico Figner. Os primeiros registros ocorrem a partir de 1902 e revelaram cantores como Bahiano, Mário Pinheiro, Cadete, Eduardo das Neves e Vicente Celestino, entre muitos outros. Na época, o processo de gravação mecânico exigia que os cantores tivessem grande projeção de voz, pois só dessa maneira o diafragma do fonógrafo poderia mover-se com força suficiente para fincar o sulco correspondente aos sons no cilindro de cera. No entanto, já nesse período é possível notar duas  referências estéticas diferentes para a empostação vocal: uma ligada à música européia, referenciada na ópera, e outra vinculada à sonoridade da fala, portanto com menos utilização de vibratos e menos ênfase na articulação dos fonemas. Dentre os cantores citados anteriormente, Vicente Celestino é um exemplo da voz que fazia uso dessa emissão operística, enquanto Bahiano e Eduardo das Neves estavam mais conectados com a emissão próxima da fala.

A partir de 1927 o processo de gravação mecânica foi substituído pelas gravações elétricas. Tal acontecimento permite aos cantores fazer uso de menor potência vocal e até  alguns compositores começam a se arriscar como intérpretes no universo do disco. Assim se inicia este momento conhecido como A Época de Ouro do Rádio. É exatamente neste período que a música popular brasileira vive sua primeira grande fase - de 1929 a 1945 - quando se fundam as estruturas do gênero que se consagraria como "canção popular urbana". Os compositores e cantores – e mesmo alguns arranjadores surgidos na época – tornaram-se referência fundamental para todas as gerações posteriores.

O estudo referente a esse período da canção colocará o aluno em contato com a obra de compositores como Noel Rosa, Assis Valente, Wilson Batista, Geraldo Pereira, Ary Barroso, João de Barro, Custódio Mesquita, Lamartine Babo, Haroldo Barbosa, Janet de Almeida, Pixinguinha, Bororó, Dorival Caymmi e muitos outros. E também com as vozes de Vicente Celestino, Francisco Alves, Araci Côrtes, Carmem Miranda, Mário Reis, Luís Barbosa, Aracy de Almeida, Orlando Silva, Sílvio Caldas, Elisa Coelho, Dircinha Batista, Linda Batista e Emilinha Borba e muitos outros. A documentação sonora criada pela indústria fonográfica – ainda que sem intenção – nos permite conhecer através da escuta cada uma destas vozes. Este conhecimento possibilita a compreensão das referências estéticas e técnicas presentes neste momento da canção. A partir daí podemos desenvolver o estudo de repertório, preocupados em encontrar a nossa própria sonoridade e identidade vocal, mas, solidamente orientados por um passado musical que não deixa dúvidas quanto à sua consistência e significação.

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