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jovem guarda, mpb e tropicália
Durante os anos 1960, a música popular brasileira atravessa sua fase de maior diversidade, pluralidade e inventividade. A televisão é o grande veículo de mídia do período e, com a realização de festivais de música por diversas emissoras, mostra-se então para todo o país uma vasta e variada produção musical. É durante esse período e, principalmente, dentro desse tipo de evento, que nasce a música que viria a ser posteriormente chamada de MPB. Esse termo vinculava-se a uma produção musical politicamente engajada e que pretendia apresentar-se como um exercício de resistência artística frente ao panorama político vivido no país. Por outro lado, a televisão também abrigava programas dedicados à juventude da época como o Jovem Guarda, apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia. Embora esse grupo fosse tachado de "alienado" por aqueles que tinham uma atuação política mais evidente, é preciso apontar que foi a Jovem Guarda a responsável por introduzir no universo da cultura brasileira as mudanças comportamentais que ocorriam mundo afora através da difusão do rock e da cultura iê-iê-iê, cujo grande expoente musical eram os Beatles.
Conectados com essa abordagem da Jovem Guarda, porém realizando uma música que se pretendia provocadora de uma transformação estética na canção popular, surge o movimento tropicalista que teve também em outras artes seus correspondentes. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Gal Costa, Torquato Neto, Mutantes, Nara Leão, Capinan e Rogério Duprat são os artistas que se destacam nesse contexto.
Segundo eles era preciso romper o tradicionalismo formal/musical da MPB para tornar a música verdadeiramente revolucionária. Era preciso assumir o Brasil em todas as suas facetas para, a partir daí, consolidar-se um novo país. Eles incorporaram e radicalizaram as propostas comportamentais da contracultura, do rock e, na música que faziam, além de elementos desse universo musical - como as guitarras elétricas - também utilizaram elementos das vanguardas eruditas europeias. A música popular passa a dialogar, então, mais intensamente com outras áreas da produção artística como as artes plásticas, o cinema e o teatro. Apesar de toda essa multiplicidade musical e artística - ou talvez até mesmo por causa dela - é também no final dos anos de 1960 que o samba reaparece em primeiro plano revelando novos valores como Paulinho da Viola e Elton Medeiros e também abrindo caminho para antigos compositores que até então não tinham consolidado um espaço dentro da indústria fonográfica, como foi o caso de Cartola, Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito. Acontece o mesmo com as vozes de Clementina de Jesus, Beth Carvalho, Clara Nunes e Alcione.